A água é a fonte da vida, porque sem ela não poderia existir tal como a concebemos.
Mas, nos últimos anos, tornou-se também uma fonte de preocupação porque, como diz o ditado, nunca chove a contento de todos. As alterações que o clima está a sofrer parecem também afetar os padrões de precipitação e está a tornar-se cada vez mais complicado garantir o abastecimento correto em certos centros urbanos.
Assim, para dependermos menos da inconstância do tempo, o engenho leva-nos a desenvolver novas invenções e, com elas, novos conceitos com os quais nos devemos familiarizar.
Água Reciclada
A chuva que encharca as ruas e cai sobre nós provém da evaporação e subsequente condensação da água de grandes massas de água, como lagos, mares e oceanos.
Por isso, falar de um conceito como “água reciclada” soa estranho e alheio, pois poder-se-ia pensar que toda a água é naturalmente reciclada.
Ao contrário dos metais, que têm de ser extraídos e transformados, ou do plástico, que é obtido a partir da refinação do petróleo, a água está disponível através de um sistema complexo que é maioritariamente alimentado pela energia solar.
O problema surge quando exercemos mais pressão sobre este sistema do que ele pode suportar, e os seres humanos acabam por consumir mais água do que aquela que conseguem irrigar um pedaço de terra ou uma bacia hidrográfica.
Dependendo do país, cada pessoa consome mais ou menos água. Em Portugal, o consumo médio de um cidadão é de 184 litros de água por dia, contra os 110 necessários para tomar banho e escovar os dentes estimados pela Organização das Nações Unidas.
Com centros urbanos com muito mais de um milhão de habitantes, o stress hídrico é muito elevado nos centros urbanos e o ciclo da água não consegue fornecer recursos suficientes.
Assim, para sustentar o atual modelo de vida, é necessário recorrer a fontes não convencionais, como a exploração de aquíferos ou a dessalinização da água do mar.
Um dos conceitos que está a tornar-se cada vez mais difundido devido às suas vantagens para a utilização agrícola é a fertirrigação, uma vez que reduz a dependência dos fertilizantes.
A utilização de água reciclada também se tem generalizado em ambientes urbanos, como fontes, parques e limpeza de estruturas.
No entanto, a água reciclada para consumo humano é ainda uma questão pendente em muitos países, embora se registem progressos na otimização da utilização dos recursos hídricos.
Água Reciclada para Consumo Humano
Cidades do Médio Oriente como o Dubai, Qatar, ou outras zonas como Singapura ou os Estados Unidos dependem da água reciclada para abastecer as suas populações.
Com os atuais métodos de filtragem, a água reciclada pode cumprir as normas de qualidade da água potável, embora o custo do tratamento possa ser superior ao de uma estação de tratamento de água tradicional.
Mesmo com este custo excessivo, à medida que avançamos para uma economia circular e mais eficiente em termos de recursos, é provável que a água reciclada para consumo humano se torne cada vez mais predominante.
Olhando para o futuro, a chuva continuará a cair, regando campos, cidades. No entanto, a ameaça das alterações climáticas aproxima-nos de uma climatologia mais extrema, com períodos de seca mais longos e fenómenos de precipitação mais torrenciais, cujas consequências desconhecemos.
Neste contexto, o aumento da percentagem de água reciclada pode ser fundamental para garantir a sua disponibilidade e, além disso, reduzir o nosso impacto na natureza.
A questão que se coloca é, pois, cada vez mais pertinente: beberia água reciclada?
Fonte: https://www.nationalgeographic.pt/